Irracionais

A gente aprende na escola que o homem é o único animal racional desse planeta (tá bom, só quem nunca teve um gato ou cachorro acredita nisso) e fica com a impressão que o pensamento lógico é o responsável pela maioria das decisões que nós, seres evoluídos, tomamos.

A neurociência já derrubou parte desse mito, mas agora aparece a economia comportamental (nossa, nem sabia que isso existia) dizendo que a gente usa a intuição para tomar boa parte das decisões do dia-a-dia e mostrando que nem sempre isso é uma boa ideia.

Posto isso, pode-se dizer que Dan Ariely é um sujeito muito especial; teve seu corpo quase totalmente queimado quando tinha 18 anos e resolveu estudar o processo de tomada de decisão com base nas emoções para entender seus próprios sentimentos durante e depois de toda a provação pela qual passou (ele tem cicatrizes enormes e convive com dores até hoje).

Como pesquisador, toda vez que ele pensa em situações do dia-a-dia que o deixam intrigado, logo monta uma pesquisa e transforma isso em conhecimento sobre como a cabeça da gente funciona. O resultado está nos livros Previsivelmente irracional e Positivamente irracional. Só li esse segundo, mas já dá para entender bastante coisa.

Positivamente irracional é dividido em duas partes: como somos irracionais no trabalho e como somos irracionais em casa.

Dan descreve experimentos que demostram como, a despeito de toda a lógica, as pessoas (e os animais) preferem trabalhar por sua comida a ganharem-na sem merecimento (a lógica do menor esforço preconizaria o contrário). O engraçado é que o único animal que toma a decisão racionalmente, preferindo a comida sem esforço, é o gato. Todos os outros, ratos, cachorros, macacos, peixes, lagartos e homens, preferem conquistar o alimento, desde que o empenho não seja exagerado.

Dan também descreve um experimento onde o desempenho das pessoas é fortemente influenciado pela percepção do resultado que seu trabalho vai gerar (eles fizeram pessoas montar brinquedos Lego e os desmontaram na frente delas); o impacto de ver um trabalho, mesmo remunerado, completamente destruído e inútil, diminui a produtividade independente dos incentivos financeiros. Pela lógica, desde que se ganhe dinheiro, se o trabalho vai ou não ser aproveitado não devia fazer diferença.

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Revistas multifuncionais

Pelo jeito, a palavra multifuncional está bombando mesmo por aqui essa semana.

Se você é como eu, que adora aquelas revistas lindas de design como a abcDesign e a ArcDesign, vai entender o drama. Leio, olho, namoro e não tenho coragem de me desfazer das belezuras.

O resultado é que a pilha só faz aumentar e me deixar um pouco desesperada com a falta de espaço e desapego de minha parte. O desapego vai ficar mesmo é para a próxima encarnação, ainda mais agora, que descobri esse projeto incrível na newsletter do Think Big Chief com a solução para os meus, os seus, os nossos problemas!

A ideia é dos designers alemães do NJUStudio. Inspirador!

Mais estantes intrigantes

Sempre gostei de estantes e móveis multifuncionais (até por necessidade, pois tenho muitos livros), mas essa semana está especialmente recheada do assunto aqui no blog. Recebi do Michel Téo Sin, o fotógrafo de ideias mais brilhante que conheço (são dele as fotos do site e do blog, além do vídeo), um projeto realizado durante a graduação em design (ele também foi meu aluno, mas em outras disciplinas).

Olha só que coisa mais bem bolada e realmente multifuncional. Nota 10!

Multiuso de verdade

Faz uns dias fiquei babando por uma estante feita com caixas projetada por designers gringos (ver Muito prático). Mas agora a designer gaúcha Mariana Piccoli escreveu para mostrar um projeto muito mais bacana.

A ideia é semelhante: caixas que podem se transformar em qualquer coisa que se queira: mesa de cabeceira, escrivaninha para crianças, cesto de brinquedos e até estantes. Mas a grande sacada é que os projetos da Mariana são construídos a partir de resíduos industriais; o fundo e a lateral das caixas são feitos com bobinas de papelão, motivo pelo qual, aliás, esse móvel funcional se chama Mobina.

Por quê?

Estava lendo Start with why, de Simon Sinek, e me dei conta de que a gente não dá muita bola para algumas coisas realmente importantes em marketing. Não que Simon tenha feito alguma descoberta extraordinária que o pessoal que estuda ciência cognitiva já não tenha estudado, mas ele descreve as coisas de uma maneira tão simples que faz todo o sentido.

Simon começa questionando se você sabe porque os clientes de sua empresa são clientes. E por que os funcionários são funcionários, parceiros são parceiros? Por que seu cônjuge continua com você? Por que seus amigos são seus amigos? Perguntas um pouco complicadas de responder, né? Afinal, a gente sabe muito pouco sobre o que move a conduta das pessoas e a interação entre elas.

Para tentar ajudar na busca de respostas para essas questões tão importantes, Sinek explica que o comportamento humano pode ser influenciado basicamente de duas maneiras: manipulação e inspiração.

Chega de CAPTCHAS!

Tá bom, você, como eu, não consegue mais ouvir sobre o tal foco no cliente. É um tal de “nossa empresa tem foco no cliente, viu? Nós acordamos, comemos, trabalhamos, dormimos e sonhamos pensando em como fazer nossos clientes felizes” que não é fácil. Claro que na parede, não falta nunca uma declaração de missão e visão, espremendo a palavrinha mágica “cliente” entre previsíveis e entendiantes gerúndios, combinando bem com a moldura de gosto duvidoso.

E se em vez de ficar nesse teatrinho de roteiro ruim, as empresas realmente pensassem no cliente, só de vez em quando, para variar? Não precisa ser nada muito difícil para começar.

Bicicletas chiquérrimas

Se tudo der certo (e vai dar), a partir do segundo semestre deste ano vou trocar meu carro por uma bike. O modelo não importa muito, desde que o banco seja confortável (sofro com os bancos duros). Mas olha só que coisa mais linda desse mundo o acessório que a holandesa Simeli (onde mais, se Amsterdan é a cidade das magrelas?) bolou: uma capinha meiga de crochê que, com certeza, sua avó sabe fazer.

Ficou lindo, charmoso e bem mulherzinha mesmo. Como não amar?