Glamour datado

É sempre assim; em festas ou reuniões, alguém me apresenta como engenheira e algumas pessoas do grupo logo murmuram “nossa, ela deve ser muito inteligente“. Já aconteceu na sala de aula de um MBA, onde fiz uma breve apresentação de meu currículo e uma estudante murmurar “nossa, estou me sentindo tão burra…“.

Pois é, fui conversar com a “burra” na hora do intervalo e saí de lá me achando um fóssil de lesma com QI reduzido. É que, papo vai, papo vem, a tal aluna me contou que havia se casado com um libanês, foi morar no Líbano e, pasmem, aprendeu árabe SOZINHA lendo jornal!!! Só para vocês se orientarem para o tamanho do feito, árabe é aquela língua que, escrita, parece um mar revolto com ondinhas rebeldes; de vez em quando saltam alguns pinguinhos. Pois essa moça foi trabalhar com a sogra na loja e aprendeu a ler, falar e escrever isso, depois de adulta, e sozinha! Não é espanhol, italiano, inglês ou alemão: é árabe! Se ela não é um gênio, não sei mais o que pode ser…

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Os logos não são tudo aquilo que se pensava

Acabei de ler “A lógica do consumo: verdades e mentiras sobre o que compramos” e estou encantada, assustada, perplexa, curiosa e cheia de palavras. Pena que a versão brasileira não conseguiu achar nada equivalente para traduzir a grande sacada que é “Buyology”, o título original.

O volume, escrito pelo consultor dinamarquês especializado em global branding, Martin Lindstrom, deveria ser leitura obrigatória para todo mundo que trabalha com marketing, design ou propaganda. É que o sujeito conseguiu parceiros suficientes para organizar o maior estudo até então feito sobre neuromarketing; ou seja, deu um jeito de escarafunchar nosso cérebro para descobrir como tomamos as decisões de compra.Baseada nessa e em outras pesquisas (uma delas provou que aquelas figuras escabrosas que aparecem nas embalagens mostrando os efeitos deletérios do cigarro acendem as áreas relacionadas ao prazer no subconsciente dos fumantes), Lindstrom conclui que os anúncios que mais incitam uma pessoa a fumar são aqueles com advertências. Bonés, cinzeiros e brindes com as cores da marca (mas não necessariamente com ela impressa) ajudam muito, seguidas pelas poderosas imagens subliminares sem nenhuma referência explícita à marca.