Auto-roubo
“Quem compra coisas que não precisa ou que não usa está roubando de si mesmo”
Ditado sueco tirado da sempre ótima Oficina de Estilo.
Ditado sueco tirado da sempre ótima Oficina de Estilo.
Ainda há pouco saí para almoçar e do meu lado da calçada tinha umas 6 pessoas caminhando. Eu juro pelos bigodes do Haroldo: estavam absolutamente TODAS falando ao celular. Do outro lado da rua tinha mais algumas, sem falar nas que estavam dentro dos carros. Gentem, será que as pessoas não sabem mais andar sem nada nas mãos? Precisam, por força da sua natureza, segurarem algum objeto para se sentirem à vontade, ou vivas, ou sei lá o quê?
Há algum tempo tive a oportunidade de ler um artigo interessantíssimo do Umair Haque, diretor do Havas Media Lab, chamado “The Awesomeness Manifesto”. É difícil traduzir awesomeness, que seria mais ou menos a capacidade de impressionar, causar espanto. Pensei em substituir por incrível, sensacional, deslumbrante e até mesmo impressionante, mas esses são adjetivos e o Haque acrescentou o “ness” no final justamente porque queria um substantivo. Aí fica difícil traduzir, né?
Mas não faz mal, usamos o original e vamos ao que interessa: Haque diz que a palavra inovação soa como uma relíquia da era industrial e que, por isso, a própria palavra precisa ser inovada.
Já faz um tempo recebi uma mensagem que me deixou comovida. Como a recebi de vários endereços diferentes, é possível que você também já a tenha lido, ainda mais porque, pesquisando no Google, descobri que a história é verdadeira e o texto é de 2004.
O caso é o seguinte: Fernando Braga da Costa, por sugestão de seu orientador de Mestrado em Psicologia, resolveu trabalhar como gari na própria universidade onde estudava para entender como esses profissionais eram vistos pela sociedade. Eis a conclusão, após 8 anos trabalhando na função: eles não são vistos.
Essa palavra, “diferente” e sua versão mais hype, a tal “diferenciada” carrega armadilhas perigosas. Se um profissional tem uma das duas na ponta da língua, cuidado. A tradução correta de “fiz assim para ficar diferente” é “fiquei com preguiça de pensar, dei uma enrolada e vê se não enche”.
O designer apresenta uma marca gráfica cheia de ornamentos árabes para uma cantina italiana. É só pressionar um pouquinho que ele revela:
— É que eu achei legal, tipo assim, fica diferente.
Gente que pensa, projeta, raciocina, sempre tem excelentes argumentos para defender seus projetos. E são argumentos bem diferentes, pode acreditar.
O nível reflexivo do designer que geralmente reprova fortemente as coisas bonitinhas, consideradas banais, triviais e carentes de profundidade e substância, está claramente tentando aplacar a atração visceral imediata por essas coisas. Se a pessoa se aceita, não se revolta tanto com isso, não se incomoda e deixa cada um ser como é. Sempre vejo pessoas incomodadas demais com o fato de uns gostarem de assistir BBB e outros amarem sanduíches do McDonald’s. Qual o problema, galere? Cada um com seu nível de processamento e todos felizes, sem stress.
Mais umas frases bacanas do ótimo From up North. Bom domingo!
Ler serve basicamente para desenvolver a capacidade de abstração, o que não é pouco se a gente analisar onde isso nos leva: compreender a dimensão e o contexto da encrenca que é esse mundão, o que implica em entender pelo menos o básico sobre como as coisas funcionam e como a gente chegou até aqui; esse passo é fundamental se quisermos mudar a realidade (ou mesmo deixá-la exatamente como está, o que exige esforço igual ou maior).
Você vive ouvindo e lendo falar sobre marketing, mas sempre tem a sensação de que se trata de uma coisa negativa, meio que um golpe? Que marketing é uma coisa feita somente para vender e/ou enganar? Então dá uma lida nisso aqui.
Sabe quando a gente está numa sala de aula e se dá conta de que está aprendendo uma coisa importantíssima, tanto que deviam ensinar no jardim de infância? Pois, para mim, essa coisa foi o feedback!
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