Workshop ou palestra?

Fotografia: Steve McCurry

Como eu ia falando no post anterior, boa parte da sensação de que uma palestra foi um sucesso é totalmente ilusória. As pessoas que não gostaram raramente se manifestam e tem muita gente que exagera nos elogios. Para chegar um pouco mais perto do resultado real, há que se provocar feedbacks sem fazer mimimi com o que vai ouvir.

Esses dias, uma pessoa compartilhou sua decepção porque foi num evento divulgado como sendo um workshop comigo. Ela chegou lá e era uma palestra normal, de apenas uma hora. Ficou ainda mais desapontada porque a propaganda gerou muita expectativa. Na verdade, a moça educada não disse que a palestra foi ruim, mas compreendam ela foi preparada para um workshop. Calma que eu já explico a diferença.

Atenção, pessoal que organiza e divulga eventos: workshop e palestra são duas coisas absolutamente distintas! Workshop não é um nome mais chique para palestra, como alguns podem pensar.

Numa palestra, você compartilha suas ideias por um tempo que varia entre 60 e 90 minutos e depois as pessoas fazem perguntas (pode ter algumas variações, como perguntas durante a explanação, que eu até prefiro, mas é basicamente isso).

Um workshop pressupõe interação e experiência prática (não é à toa que a tradução em português é oficina — quase ninguém usa porque não é tão chique). Nesse caso, quem está participando não é apenas passivo; vai sair de lá com alguma coisa construída. Ah, e inserir uma dinâmica de grupo não configura workshop (detesto aquela de abraçar o estranho ao seu lado ou cantar músicas bregas com mãozinha para cima…eheheh).

Num workshop você coloca em prática alguma técnica que o facilitador está compartilhando (Viu? O nome nem é palestrante!). Para isso, é preciso tempo, ferramentas e local adequado. Não sei os demais, mas nunca participei e nem facilitei nenhum trabalho desses em menos de 3 horas. É que primeiro você precisa dizer a que veio, explicar a técnica, seus objetivos. Depois, o pessoal põe a mão na massa para, no final, apresentar e discutir os resultados.

Agora imagine a decepção de uma pessoa que vai esperando uma coisa dessas, se vê numa sala cheia de gente e tem que escutar alguém falar ininterruptamente por uma hora. É de chorar mesmo!

Então, fiquem espertos. Se o evento só dura uma hora e está sendo vendido como workshop, desconfie! Provavelmente o pessoal da divulgação não sabe direito a diferença entre uma coisa e outra.

Medo de quê?

Reza a lenda que o medo de falar em público chega a superar até o medo da morte para alguns profissionais. Exageros à parte, meu medo é bem outro.

Adoro fazer palestras e não vejo como poderia ser diferente. Reflita: você viaja, fica num hotel bacana, é tratada com todas as mordomias, fala durante pouco mais de uma hora e ainda ganha para isso. Invariavelmente, as pessoas vão aplaudir no final e algumas até arriscarão alguns elogios. Sempre haverá os mais empolgados que lhe dirão maravilhas (aliás, é impressionante como as pessoas são civilizadas em palestras; mesmo um troglodita no trânsito vira um modelo de comportamento e não ousa dizer que já tinha ouvido a piada sem graça antes ou que sua voz é chata). É facílimo sair de uma apresentação se achando a rainha da cocada preta; você dorme nas nuvens, uma verdadeira delícia.

Meu medo, o maior de todos, é acordar no dia seguinte e continuar me achando a rainha da cocada preta.

Como ir de táxi?

Olha, tem que ter alguma coisa muito errada com os táxis em Florianópolis. Nenhum serviço pode se empenhar tanto em ser tão negligente com os clientes.

Amanhã cedo vou precisar de um táxi e, como quase já perdi um avião por causa da incompetência do serviço de Rádio Táxi (38 minutos para uma pessoa com limitações de raciocínio atender a ligação e mais outros tantos para aparecer um motorista que aparentemente tinha passado a noite toda discutindo com a sogra, a julgar pelo tamanho do bico), resolvi pegar o telefone de algum taxista de um ponto perto da minha casa. Tenho os números de excelentes táxis executivos, mas o trajeto era curto demais para isso.

Bom, cheguei no ponto (Beiramar Shopping, bem no centro), expliquei que precisaria de um táxi no dia seguinte, e a “boa vontade” foi contagiante. Primeiro, a muito custo consegui arrancar a informação de que não havia telefone fixo naquele ponto. Depois, nenhum dos 5 motoristas tinha um mísero cartão de visitas para me dar. Um senhor anotou o número dele num pedaço de embalagem e prometeu me pegar amanhã, no horário estipulado (ele me pareceu confiável).

Gente, por que precisa ser tão ruim assim? De que adianta gastar rios do nosso dinheiro fazendo campanhas turísticas, se alguém chega aqui e nem um táxi consegue pegar?

Desculpem, mas isso não entra na minha cabeça; ou eles estão ganhando dinheiro de outra maneira ou estão lá fazendo figuração. Se alguém aí estuda turismo, taí um bom tema para TCC: como um serviço que já é a incompetência embarcada em 4 rodas consegue aprimorar ainda mais o mau atendimento a cada dia?

Não, não vou comentar a maneira como eles dirigem. Aí já seria uma tese de doutorado…

Papo cabeça

O nome Suzana Herculano não me era estranho, mas nunca tinha prestado muita atenção até ser completamente abduzida por uma reportagem da TPM (minha revista favorita). Lá fiquei sabendo que a moça formou-se em biologia aos 19 anos e foi estudar genética nos Estados Unidos, quando apaixonou-se por neurociência. Mergulhou literalmente de cabeça no negócio e já recebeu prêmios internacionais de respeito por sua pesquisa na área. Pensa que a nega é daquelas CDFs que nem sabem o que é batom? Pois saiba que é uma morena bem bonita, mãe de dois filhos, que também toca piano, violão, violoncelo e flauta transversal. Já fez musculação, corrida, sapateado e agora pratica pilates. Lê de tudo um pouco, vai ao cinema, adora viajar e escreve muito bem. Enfim, como não se apaixonar? Virou minha ídola instantaneamente.

Por quê?

Estava lendo Start with why, de Simon Sinek, e me dei conta de que a gente não dá muita bola para algumas coisas realmente importantes em marketing. Não que Simon tenha feito alguma descoberta extraordinária que o pessoal que estuda ciência cognitiva já não tenha estudado, mas ele descreve as coisas de uma maneira tão simples que faz todo o sentido.

Simon começa questionando se você sabe porque os clientes de sua empresa são clientes. E por que os funcionários são funcionários, parceiros são parceiros? Por que seu cônjuge continua com você? Por que seus amigos são seus amigos? Perguntas um pouco complicadas de responder, né? Afinal, a gente sabe muito pouco sobre o que move a conduta das pessoas e a interação entre elas.

Para tentar ajudar na busca de respostas para essas questões tão importantes, Sinek explica que o comportamento humano pode ser influenciado basicamente de duas maneiras: manipulação e inspiração.

Vida fumê

A minha implicância com o vidro fumê não vem de hoje – nunca gostei desse efeito. Essa forma plasmática em sua versão enfumaçada (você sabia que o vidro é um líquido de alta viscosidade?) tem o poder de descolorir o dia, fazer desmaiar as cores e até tornar o cenário um pouco ameaçador. A pergunta que não fica quieta é por que as pessoas escolhem ver o mundo desbotado de livre e espontânea vontade? E por que ainda topam pagar mais caro por isso?

Chega de CAPTCHAS!

Tá bom, você, como eu, não consegue mais ouvir sobre o tal foco no cliente. É um tal de “nossa empresa tem foco no cliente, viu? Nós acordamos, comemos, trabalhamos, dormimos e sonhamos pensando em como fazer nossos clientes felizes” que não é fácil. Claro que na parede, não falta nunca uma declaração de missão e visão, espremendo a palavrinha mágica “cliente” entre previsíveis e entendiantes gerúndios, combinando bem com a moldura de gosto duvidoso.

E se em vez de ficar nesse teatrinho de roteiro ruim, as empresas realmente pensassem no cliente, só de vez em quando, para variar? Não precisa ser nada muito difícil para começar.