Alguém me explica?

Quando eu fazia engenharia, o único curso do centro tecnológico onde as mulheres dominavam o pedaço era a arquitetura. Então, queridas, alguma de vocês pode me explicar por que é que em todos os edifícios de uso comum, sejam escritórios, academias, cinemas, escolas, teatros, museus, restaurantes, bibliotecas, aeroportos, rodoviárias, enfim, todos os lugares em que se possa pensar, o projeto é sempre feito de maneira que o número de banheiros masculinos seja exatamente igual ao de banheiros femininos?

Nem todos os edifícios são simétricos, então não vale essa desculpa (que é bem fraquinha, vamos combinar).

Sinceramente, não dá para entender mesmo. Se fossem os homens que fizessem os projetos (desde que eles não tivessem esposas, namoradas, amigas e nem irmãs para esperar na porta), ainda seria mais ou menos compreensível.

Mas qualquer mulher, arquiteta ou não, sabe muito bem, por métodos científicos ou empíricos, que mulher vai muito mais ao banheiro e quando vai demora mais também. O resultado é que a qualquer hora do dia ou da noite, sempre tem uma fila enorme de meninas apertadinhas esperando a vez.

Deixo aqui a pergunta: por que você não fazem nada, moças da arquitetura?

Ilustração: Roberto Longo

Agora vai

Eu sempre amei bibliotecas. Aliás, biblioteca para mim é um lugar sagrado; toda vez que entro numa fico pensando em quantas vidas foram dedicadas a produzir todo aquele conhecimento. Minha concentração aumenta bastante e fico muito mais produtiva (ainda mais se não tiver internet na mesa). Pois fui procurar as bibliotecas em Berlin e escolhi a da Universidade Alexander von Humboldt (não ia deixar por menos, né?).

Para se ter uma ideia do naipe dos professores e alunos, Einstein dava aulas lá, Marx Plank estudou e mais uma meia dúzia de Prêmios Nobel frequentou e pesquisou. Mais inspiração do que isso, impossível.

Natal com keks e bolas de verdade

Nossa, a cidade está completamente coalhada de mercadinhos de natal. São feiras bem organizadas e cheias de coisas bonitas e gostosas. O visual é bem kitsch, mas combina perfeitamente com natal (natal é uma coisa kitsch por definição, né?).

O que eu mais gostei foi de descobrir que eles têm mais de 10 tipos de quentão (que aqui se chama Glühwein, que, não por acaso, quer dizer vinho quente). É sempre um vinho, claro (tem branco também) com mais alguma coisa, que pode ser uma fruta, rum ou licor. O clássico é como o nosso, com gengibre e cravo, bem parecido mesmo (delícia!), mas ontem experimentei um com vinho branco e licor de ovos que estava divino. Já andei olhando um com amaretto que também parece tentador; minha meta é experimentar todos antes do natal sem cair na rua e nem virar alcoólatra…eheheh… sério, o negócio esquenta que é uma beleza para esses dias mais geladinhos. De resto, muita salsicha (wurst) e comidinhas com cogumelos e batatas (adoro).

Benchmarking de aeroporto

Pois é, preciso confessar que sou uma mulher que viaja às custas das milhas do marido (claro que tinha que ter um truque né? Ou vocês achavam que eu era rica para poder ficar indo e voltando de Berlin na maior moleza? Eeheheh..).

Pois é, dessa vez as milhas disponíveis eram da Air France e a passagem que consegui era uma operação conjunta com a Alitalia. Então entrei na Europa por Roma, depois fui a Amsterdam e só depois para Berlin. Graças às minhas fervorosas preces à Nossa Senhora das Bagagens Extraviadas, minha mala chegou junto comigo, contra todas as expectativas.

Festival das luzes

Todo ano, no mês de outubro, entre os dias 12 e 23, tem o Festival das Luzes em Berlin. Como volto ao Brasil amanhã (vou ficar um mês trabalhando), peguei só o comecinho, mas vai rolar um monte de coisas até o dia 23, quando acaba.

Durante esse período, vários pontos da cidade (mais de 80), recebem uma iluminação especial e Berlin, já naturalmente bela à noite, fica ainda mais bonita. Tem umas instalações interessantes, como uns bancos de praça fluorescentes que são bem legais. O tema desse ano é “Faces de Berlin” e eles montaram, na Potsdamer Platz, uma máscara gigante de gesso branco, onde foram projetadas várias faces na abertura e ficou show mesmo.

Ele chutou o pau da barraca 95 vezes…

Esse fim de semana teve um passeio da escola para conhecer a cidade de Wittenberg. Na verdade, a cidade se chama Lutherstadt Wittenberg, ou “Wittenberg, cidade de Lutero”.
Apesar de eu não ser nem um pouco ligada em assuntos religiosos, a impotância histórica desse lugar não é pequena não.

Wittenberg tinha um mosteiro onde Lutero estudava e o sujeito ficou muito p* da vida quando viu que a igreja católica aproveitou a invenção da prensa de Gutenberg para vender indulgências (ja falei sobre isso aqui). O negócio fez tanto sucesso que vendia como pão quentinho. Em vez de pecar e depois ter que confessar, fazer penitências e toda essa coisa chata para garantir um lugar no céu, bastava comprar esse papelzinho, que era uma espécie de salvo-conduto. Ou seja, quem era rico podia se esbaldar nas delícias pecaminosas do nosso mundinho recém chegado à era renascentista.

Como Leipzig mudou a história

Nossa, às vezes fico assustada com a minha ignorância sobre história. Ainda bem que o Conrado sabe muito e me explica os lances todos. Lembro que em 1989, quando caiu o muro de Berlin, eu fazia estágio, estava enlouquecida com as provas de eletrônica do último semestre da faculdade e os preparativos da formatura; um perfeito modelo da alienada. Soube que o tal famoso muro tinha caído, mas não ficou nenhum registro além. Agora, pouco a pouco, vou conhecendo os outros capítulos e tendo uma ideia da dimensão do acontecimento.

A gente passou o último final de semana em Leipzig, no coração da Saxônia, e aprendi muita coisa. E me comovi, me emocionei muito, cheguei até a chorar. Visitamos o museu da cidade que conta um pouco da história com fotos, imagens e objetos.