Nossa, que experiência inesquecível a de ontem! Primeiro a gente pegou um ônibus cheio de gringos para ir até o Glaciar (são 80 km além da cidade). Os passeios são organizados pela agência Hielo & Aventura que detém a concessão de passeios ao Perito Moreno e adjacências. Os passeios não sao baratos (como, de resto, nada por aqui), e esse que fizemos, o mini-trekking, que leva o dia todo, custa mais ou menos R$ 250/pessoa (vale cada centavo; nessa viagem a gente está enfiando o pá na jaca com vontade…eeheheh).
É impressionante a organização. Eles combinam com o hotel e sincronizam as vans com o ônibus, de modo que ninguém fica esperando em lugar nenhum; e olha que são dezenas de hoteis e centenas de gringos, uma verdadeira babel. Mesmo assim, ninguém se perde e tudo funciona.
Primeiro a gente foi até as passarelas do Glaciar, onde se fica de boca para o gol. Tivemos 2h30 para apreciar a paisagem, tirar fotos e comer a vianda (lanche) que tínhamos levado. Como todo mundo tem que levar lanche, o que mais se vê é gente indo ao mercadinho e comprando víveres (eu fui também, claro). Chegando lá, surpresa: a prefeitura proibiu o uso de sacolas plásticas (VIVA!!!) e todo mundo sai com uma caixinha de papelão na mão, dessas reutilizadas de embalagens no atacado, com tudo organizado dentro. Se o mundo todo proibisse o uso das tais sacolinhas, boa parte do problema do lixo estaria bem encaminhado. Na estrada vi lixo plástico por toda parte, mesmo nos lugares mais bonitos de Puerto Deseado.
A grande brincadeira de ficar observando o Glaciar é presenciar a queda de um pedaço. A gente ouve estrondos de gelo rachando o tempo todo e fica esperando acontecer alguma coisa na beirada. Dá para ficar um dia inteiro olhando, é hipnótico! Às vezes não cai nada, às vezes só um pedacinho, mas às vezes, quando cai uma lasca maior, é um espetáculo. Chega a fazer ondas bem grandes no lago, dependendo do tamanho do naco e altura da queda. Consegui filmar um deles, olha só!
Depois fomos de ônibus para a beira do lago, onde encontramos o barco que nos levaria até a outra margem. No caminho, fomos beirando o Glaciar, que é impressionante!
Chegando lá, caminhamos até o que eles chamam de refúgio (uma casa de madeira no meio de um bosque que serve de base para trekkers), onde descansamos um pouco e recebemos explicações sobre aquela montanha gigantesca de gelo, que, na verdade, é um rio congelado que vai transbordando quando “chove” neve na cordilheira. No verão (6 a 13 graus aqui), os pedaços vão se desprendendo e a gente assiste ao show, encantados.
Para o final ficou a parte mais fantástica, a caminhada sobre o Glaciar. Os guias amarram uma especie de sandália com grampos na sola para a gente poder caminhar sobre o gelo, que é duro e escorregadio (bem diferente daquele que cobria o Vulcão Villa Rica em Pucon, no Chile, que era fofo a ponto da gente voltar escorregando como tobogan montanha abaixo).
Os grampos são o único jeito de andar por lá e funcionam mesmo. Num instantinho a gente se acostuma. Há sempre um guia por grupo de 20 pessoas que vai mostrando o caminho. Os buracos são incríveis e há vários lagos pequenos com água congelada. Cansa um pouco, mas como são apenas 2 horas de caminhada, ninguém morre por causa disso.
E, chegando perto do ponto de chegada, El gran finale: eles montam uma mesa de madeira (deve ser bem pesada) bem em cima do Glaciar e servem uísque com o gelo de lá (aquela piadinha do uísque de 510 anos — 500 que é o tempo que leva para um gelo sair da cordilheira e chegar até o Perito Moreno; e 10 do uísque).
Depois, foi pegar o barco de volta, o ônibus e a van para o hotel (antes devolvemos uma mochila e as luvas que tinhamos alugado para a ocasião; aqui tem tudo!).
Para completar o dia perfeito, as 21h30 saboreamos a ceia especial de natal (cada hóspede podia jantar na hora que quisesse, só o cardápio é que era especial) com aquelas frescuras que eu adoro: entrada minúscula de canapé com maçã e queijo azul; entrada de patinhas de centolla (um tipo de carangueijo gigante) com limão e creme de queijo; sorvete de menta no intervalo, para “limpar” o paladar; pato com ervas e, para terminar, uma sobremesa com framboesas frescas e sorbet. A meia noite ainda teria espumante e uma mesa de doces, mas nao tínhamos mais forças para esperar…
Papai Noel foi muito legal com a gente esse ano. Valeu, viu?
Clotilde Fascioni
Incrível,a gora entendi e nem precisa desenhar… deve ser bárbaro!
Maíra
Que lugar maravilhoso.