Tudo é iluminado

Além de arrebentar minha garganta, as 23 horas de viagem (aeroporto, voos, conexões, etc) entre Berlin e Floripa também serviram para que eu pudesse terminar “Everything is iluminated“, o romance de estreia do já consagrado Jonathan Safran Foer.

O sujeito escreve muito bem, mas muito bem mesmo. Cheio de trocadilhos, jogos de linguagem e ironias. Isso significa que ele escreve em inglês muito melhor do que eu consigo ler, de maneira de tenho certeza que perdi as sutilezas e nuances mais delicadas do texto; paciência (mais uns 3 ou 4 livros dele e vou melhorar muito…ehehe).

A história fala de um rapaz ucraniano, Alex, cujo pai tem uma agência de viagens que atende a turistas judeus em visita ao país. Como é o único na família que teve lições de inglês na escola, o moço é destacado para servir de intérprete a um jovem americano com o mesmo nome do autor do livro, em busca da senhora que salvou a vida de seu avô durante a guerra. É, o livro parece ser autobriográfico, pelo menos em parte, além de abusar da metalinguagem (o cliente, Jonathan, está escrevendo um livro a esse respeito).

Como Alex é menor de idade e não dirige, o avô dele (impagável) vai de motorista, assim como sua cachorra (foi a condição que ele impôs para aceitar o trabalho; o argumento foi que ela seria uma espécie de guia, já que ele é um pouco cego). A cadela é bizarra e se chama Sammy Davis, Junior, Junior (assim mesmo, com vírgulas e o último nome repetido) por causa da admiração do avô pelo multimidiático artista americano. A peluda neurótica se apaixona sexualmente pelo cliente à primeira vista e passa a viagem toda empesteando o ar do carro com suas flatulências (as janelas não podem ser abertas, senão ela foge), entre outros tormentos. São dias singulares em que o grupo passa pelo interior da Ucrânia procurando uma cidade que já nem existe mais.

A aventura é engraçada e trágica ao mesmo tempo; a excursão em busca da tal senhora desencava revelações importantes, histórias de amores e guerras que afetam de maneira definitiva todos os envolvidos (menos a cachorra, claro). Alguns capítulos são no tempo presente (no caso do livro, 2002); outros contam a história da família do rapaz e do cliente, que viviam em guetos judeus próximos da região; outros, ainda, são as transcrições de cartas que o rapaz acaba trocando com o cliente depois da viagem.

É tocante ver o amor que Alex sente por seu irmão mais novo de 14 anos; a relação complicadíssima que tem com os pais e a inocência e ingenuidade dele sobre as coisas do mundo em geral.

Ouvi dizer que já fizeram um filme a respeito e estou curiosa. O próximo da lista é o mais famoso dele (Extremely Loud and Incredibly Close), que também já virou filme (todo mundo ama o livro, mas as opiniões sobre o filme têm sido bem controversas).

Recomendo o moço, viu? E olha que quando ele escreveu o livro, tinha só 25 anos. Gênio.

***

NOTA 1: Sei que muitos irão me odiar por dizer isso, mas estou amando esse calorzão…rsrsrsr

NOTA 2: A viagem também rendeu alguns desenhos; logo vai ter coisas coloridas por aqui.

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