Mais um Harumi Murakami para aquecer o coração. Como adoro ler as histórias que esse moço conta.
O título do livro, “Sputnik Sweetheart” (eles não traduziram para o alemão; apesar da versão ter sido feita diretamente do japonês, os editores optaram por deixar assim, provavelmente mantendo o original); numa tradução livre seria algo como “meu docinho Sputnik” ou “minha querida Sputnik”.
O romance é narrado por um jovem professor de escola primária. Enquanto ainda estava na universidade, conhece Sumire, que sonha ser escritora. Eles se tornam os melhores amigos e continuam a se encontrar mesmo quando Sumire abandona o curso para se dedicar apenas à escrita. O moço se apaixona perdidamente por ela, que o adora, mas não sente nenhum tipo de desejo sexual por ele. Aliás, por ninguém.
Até o ponto em que ela conhece, numa festa de casamento familiar, Miu, dezessete anos mais velha. Sentadas na mesma mesa, conversam sobre amenidades, até que Miu pergunta sobre seu escritor preferido. Sumire está na fase de encantamento pelo americano Jack Keuroac, no que Miu pergunta se não é aquele do Sputnik. Sumire leva tempo até identificar que Miu confundiu o nome com Beatnik, movimento artístico e literário liderado por Keuroac nos anos 1940-1950. Elas riem quando a confusão é desfeita, mas nesse ponto Sumire está irremediavelmente apaixonada.
Miu a convida para ser sua assistente, visto que a aspirante a escritora fala espanhol, inglês e quer aprender italiano. Sumire começa a se vestir melhor e ter uma vida organizada, revelando-se muito competente. O porém é que ela não consegue escrever mais nada. Mas sua amizade profunda com o narrador continua cada vez mais próxima.
As duas fazem uma viagem pela Europa (Miu é importadora de vinhos) e tudo corre bem até que elas são convidadas para passar algumas semanas numa ilha grega, apenas para descansar. Sumire não resiste mais e acaba se declarando para Miu, que não corresponde à sua paixão. Miu também não sente atração sexual por ninguém por conta de um evento surreal e misterioso ocorrido quatorze anos antes.
O fato é que Sumire desaparece da casa sem deixar rastros; abandona tudo: mala, documentos, escritos, roupas. Some de pijama e chinelo. Miu fica desesperada e acaba entrando em contato com o moço narrador, que vai até a ilha para ajudá-la.
Na Grécia ele faz algumas descobertas; sobre Miu, sobre Sumire, e sobre ele mesmo também.
É uma história sobre amizade, mas principalmente sobre solidão. Uma história sensível e bem contada, sempre com trilha sonora caprichada e uma pitada de sobrenatural, elementos típicos do autor.
Recomendo ler com uma taça de vinho tinto para acompanhar. Preferivelmente no inverno.
NOTA: Certeza que o espírito da quinta série de alguém vai acabar notando — sim, Sumire é o nome da moça que some…rs
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